28 março 2006

A luz e o inferno: o homem e o homem

Texto de Etiene Sales, http://cesjb.umbanda.etc.br/

Exu sempre foi um ponto ambíguo dentro da Umbanda. Embora seja diferente no Candomblé, talvez porque na Umbanda, com a influência do Cristianismo e do Espiritismo Cristão, "houve a necessidade" de uma relação entre Exu e o Diabo, ou mais precisamente, de um fator coercitivo, misterioso, sombrio.
Quando vejo imagens de Exu, o guia, não me espanto muito. Como disse meu Exu (Sr. Marabô), quando fiz o assentamento dele: "Não sou tão feio assim!".
Porém, já me peguei pensando sobre isso e me referenciei direto na fonte. Afinal, Eles têm seus motivos para isso. E perguntei diretamente a Eles e a resposta foi coerente, pelo menos para mim. Mas não sei se será para todos. Foi assim...
Conversando com meu amigo Exu, eu perguntei o porquê das imagens com chifres, rabos etc., e se ele tem chifres e rabo.
- Não tenho chifres. Não sou corno! Mas tem que goste de levar umas chifradas!
Mas por que dos chifres e rabo?
- Porque na bíblia existe um Deus vingativo, rude, belicoso, que destrói, pune e castiga? A sua resposta será a mesma para as duas perguntas: a minha e a sua.
- Veja bem: o ser humano, vocês, são rudes, mesquinhos, vingativos. Nem sempre, na sua fúria, na sua raiva, são capazes ou tem a mente aberta para escutar doces palavras; às vezes, só respeitam aquilo que se mostra forte e bizarro.
- Nosso mundo é muito diferente do de vocês. E alguns médiuns videntes, por falta de uma forma associativa melhor, nos viram assim: com chifres e rabo. Alguns de nós gostaram e assim se apresentavam; mas, logo que criavam intimidade, se mostravam realmente como eram.
- É verdade que alguns Kiumbas se utilizam dessa forma bizarra com propósitos malignos, mas isso não e um privilégio só nosso. Eles também se fazem passar por Pretos-Velhos, Caboclos, Crianças e até por Jesus Cristo. Vide a quantidade de fanáticos que existem hoje, que já existiram e que foram capazes de cometer verdadeiras atrocidades em nome de Jesus, o que seria inconcebível com o que Ele pregou. Embora Ele tenha dito: (Mateus 5,17) "Não penseis que vim destruir a lei ou os profetas; não vim destruir, mas cumprir". Também disse: (Mateus 5,21) "Ouvistes que foi dito aos antigos: Não matarás; e, Quem matar será réu de juízo; (Mateus 5,22) Eu, porém, vos digo que todo aquele que se encolerizar contra seu irmão, será réu de juízo".
- Quantos o seu povo já matou em nome do Senhor ou tentou justificar seus atos por ele? Quantas guerras já se passaram? E quantas ainda passarão?
- Falam tanto de nós, Exus, mas o ser humano é muito mais demônio, às vezes do que nós. Podemos até pedir sangue de um animal, caso tenhamos plena necessidade e se for necessário, mas nunca de um ser humano. Mas quanto sangue humano vocês já derramaram (irmão matando irmão)? E em nome de que? Terras, dinheiro, mulheres, ideologia, pureza racial, fé, DEUS!
- Não somos perfeitos, mas apesar de nossas imperfeições, ainda estamos a um passo (na verdade são muitos) à frente de vocês. E olha que isso e com todo o rabo e chifres! Com toda a marafa, uísque, Vodka e fumo, conseguimos ser mais humanos e ver as coisas de Deus mais nítidas do que vocês. Que vêem a forma, não a essência; que procuram na superfície, para não ter trabalho de se aprofundar.
- Vocês precisam dessas imagens como uma forma de temer. Só assim vocês são capazes de respeitar algo: quando temem!
- Com o tempo, pois tudo muda, e até vocês mudarão. Poderão nos ver como realmente somos: iguais a vocês na forma, mas bem à frente no conteúdo!
- IHAHAHA! Boa noite!

21 março 2006

Dez maneiras de amar a nós mesmos

De Francisco Cândido Xavier

1) Disciplinar os próprios impulsos;
2) Trabalhar, cada dia, produzindo o melhor que podemos;
3) Atender os bons conselhos que traçamos para os outros;
4) Aceitar sem revolta a crítica e a reprovação;
5) Esquecer as faltas alheias sem desculpar as nossas;
6) Evitar as conversações inúteis;
7) Receber no sofrimento o processo de nossa educação;
8) Calar diante de ofensa, retribuindo o mal com o bem;
9) Ajudar a todos, sem exigir qualquer pagamento de gratidão;
10) Repetir as lições edificantes, tantas vezes quantas se fizerem necessárias, perseverando no aperfeiçoamento de nós mesmos sem desanimar e colocando-nos a serviço do Divino Mestre, hoje e sempre.

Exercício mediúnico

Texto retirado do Jornal Umbanda Hoje

O exercício mediúnico na Umbanda exige um grau de responsabilidade tal que seria aconselhável que o pré-médium (candidato a ingresso em um terreiro), no curso de seu preparo, fizesse uma análise séria de sua capacidade de renúncia e da sua disposição de se dedicar ao ministério sacerdotal da religião – porque o médium de Umbanda é o sacerdote da religião – para que, mais tarde, não venha a se ressentir de um ato praticado por simples entusiasmo ou por qualquer outro motivo que não se compatibilize com a prática da caridade.
A sua conduta no templo tem que ser a conduta do sacerdote sempre disposto a concorrer para transformar em saúde e alegria, a dor e o sofrimento do próximo.
Fora do templo, nos locais públicos de trabalho profano onde quer que o levem seus interesses materiais, deverá estar o cidadão correto, de moral ilibada, de conduta infensa a práticas reprováveis.
Jamais um verdadeiro médium umbandista deixará de cumprir o seu dever para se dedicar a atividades de lazer. E julgamos aconselhável que o exame sugerido seja feito com o máximo critério, durante o preparo, porque da atividade mediúnica não decorrerá jamais qualquer paga ou retribuição, quer seja em dinheiro ou, indiretamente, através de presentes ou outra qualquer forma de retribuição. Os benefícios auferidos são outros. É o sentimento do dever cumprido.
É a certeza de estarmos a serviço do Pai, socorrendo irmãos, usando a magnífica faculdade da mediunidade que nos foi concedida , como sublime forma de praticarmos a caridade, elevando nossos espíritos e abrindo-lhes créditos na contabilidade cármica.
A nossa alma se asserena e o corpo se forra aos desfalecimentos.
E quanto mais forte se sentir o corpo, tanto mais o espírito se sentirá gratificado.
O exercício da função mediúnica na Umbanda é sacerdócio que somente poderá ser exercido com eficiência, quando a opção pela missão religiosa tenha sido feita com tranquila consciência das pessoas que podem dedicar a vida ao bem-estar do próximo.
O procedimento correto no templo, no decorrer dos trabalhos espirituais, no atendimento ao público, sem distinção de raça ou credo religioso, a atuação harmoniosa no lar, com a família, a lealdade e a seriedade nos locais de trabalho e no relacionamento com os companheiros da vida terrena, são características indispensáveis ao médium.
Sabemos que, das qualidades mediúnicas, a semiconsciente é a que encontramos com maior frequência. Quando referimo-nos a semiconsciência, não abrimos margem à intervenção do médium na comunicação do Guia ou à interferência do estado de espírito do aparelho, influenciando negativamente a mensagem transmitida O médium não pode participar a não ser como veículo de comunicação, mantendo-se totalmente neutro ou, ainda melhor, alheio ao que está passando como intermediário entre a espiritualidade e o plano terreno.
A discrição do médium sobre os assuntos que sua semiconsciência pode registrar, durante a incorporação, é primordial no uso da faculdade mediúnica e tão importante quanto o segredo profissional do médico. O médium que refere a outrem o que foi confiado ao Guia, incorre numa falha que prejudica a atuação da entidade que se manifesta e abala a confiança do irmão que busca uma orientação ou uma palavra de conforto.
Poderíamos dizer que compete ao Guia corrigir o erro do aparelho, quando fora do alcance de sua vibração. Todavia, a responsabilidade do procedimento mediúnico, do cumprimento correto da posição de mediador, cabe ao médium, que, por sua indiscrição, pela incapacidade de manter um segredo, os motivos que levaram o irmão ao Guia, põe em jogo a confiança neste depositada.
Não compete ao médium, também, relatar o êxito dos trabalhos desenvolvidos pela entidade de que aparelho ou enaltecê-los. Todos nós sabemos dos resultados obtidos pela atuação do Caboclo, Preto-Velho, Exu, Criança etc., sempre positivos, visando constantemente restabelecer na mente do filho que os procura a fé, a serenidade, a confiança de que os problemas que parecem insolúveis, virão a ter soluções aceitáveis, e que todos nós, vencendo com firmeza os obstáculos e nos empenhando pelo progresso espiritual, teremos condições de atingir nosso objetivo e cumprir corretamente a missão mediúnica.

18 março 2006

Oração da manhã

Senhor, no silêncio deste dia que amanhece,
venho pedir-te saúde, força, paz e sabedoria.
Quero olhar hoje o mundo com olhos cheios de amor,
ser paciente, compreensivo, manso e prudente.
Ver, além das aparências, teus filhos
como Tu mesmo os vês,
e assim não ver senão o bem em cada um.
Cerra meus ouvidos a toda calúnia.
Guarda minha língua de toda maldade.
Que só de bênçãos se encha meu espírito.
Que eu seja tão bondoso e alegre,
que todos quantos se achegarem a mim,
sintam a tua presença.
Senhor, reveste-me de tua beleza.
E que, no decurso deste dia, eu te revele a todos.
Amém!

O médium de umbanda

Texto extraído do livro "O código de Umbanda", obra inspirada por Senhor Ogum Beira-Mar, Pai Benedito de Aruanda. Li-Mahi-An-Seri-yê, Seiman Hamiser yê e Mestre Anaanda e psicografado por Rubens Saraceni

O médium de Umbanda, ainda que muitos não o valorize, é o ponto chave do ritual de Umbanda no plano material.
E por sê-lo, deve merecer dos filhos de Fé já maduros (iniciados) toda atenção, carinho e respeito quando adentram no espaço interno das tendas, pois é mais um filho da Umbanda que é “dado” à luz. E tal como quando a generosa mãe dá à luz mais um filho, onde tanto o pai quanto os irmãos se acercam do recém-nascido e o cobrem de bênçãos, amor, carinho e... compreensão para com seus choros, o novo filho de Fé ainda é uma criança que veio à luz e precisa de amparo e todos os cuidados devido à sua ainda frágil constituição íntima e emocional.
Do lado espiritual, todo o apoio lhe é dado, pois nós, os espíritos guias deles, sabemos que este é o período em que mais frágil se sente um ser que traz a mediunidade.
Para um médium iniciante, este é um momento único em sua vida, e também um período de transição, onde todos os seus valores religiosos anteriores de nada lhe valem, pois outros valores lhe estão sendo apresentados.
Para todos os seres humanos este é um período extremamente delicado em suas vidas. E não são poucos os médiuns que se decepcionam com a falta de compreensão para com sua fragilidade diante do novo e do ainda desconhecido.
É tão comum uma pessoa dotada de forte mediunidade e de grandes medos, ser vista como “fraca” de cabeça pelos já “tarimbados” médiuns. Mas estes não param para pensar um pouco no que realmente incomoda o novo irmão e, com isto, o Ritual de Umbanda Sagrada vê mais um dos seus recém-nascidos filhos perecer na maior angústia, e socorre-se a outros rituais que primam pela ignorância do mundo espiritual e sufocam nos seus fiéis, seus mais elementares dons naturais.
Muitos apregoam que tantos e tantos brasileiros são umbandistas e que isto demonstra o vigor da religião umbandista. Mas, infelizmente, isto não é verdade, e só serve para diminuir o que poderia ser uma grande verdade.
Vários milhões de brasileiros já assumiram suas mediunidades por completo e são médiuns praticantes, que incorporam regularmente seus guias dentro das tendas onde trabalham, ou nas suas reuniões mais íntimas em suas próprias casas.
Mas alguns milhões de filhos de Fé com um potencial mediúnico magnífico já foram perdidos para outros rituais porque os diretores das tendas não deram a devida atenção ao “fator médium” do ritual de Umbanda, assim como não atentaram para o fato de que aqueles que lhes são apresentados pelos guias zeladores dos novos médiuns, se lhes são enviados, o são pelo próprio espírito universal e universalista que anima a Umbanda Sagrada, e que é o seu espírito religioso, que no lado espiritual tem meios sutis de atuar sobre um filho de Fé, mas no lado material depende fundamentalmente dos pais e mães no Santo, animadores materiais desse corpo invisível, mas ativo e totalmente religioso.
É tão comum vermos médiuns já “iniciados” que não tem a menor noção da existência desse corpo religioso umbandista que se move através do plasma universal que é Deus, é fé e é religiosidade. “Eu sou filho de tal orixá...”, e pronto! Sua fé acaba a partir daí, e sua ligação com este plasma divinizado numa religião fica restrito a isto: “Eu sou filho de tal orixá”.
Incorpora seus guias, estes trabalham, e maravilhosamente, pois estão em comunhão total com este espírito ativo que é o corpo religioso umbandista, corpo este que assume a forma de orixás ou de seus pontos de forças, mas que não deixam de irradiar essa energia divina chamada “Fé”.
O ritual é aberto a todas as manifestações, mas o lado material (médiuns) tem de ser esclarecido de que as manifestações só acontecem por causa desse espírito religioso invisível conhecido por Ritual de Umbanda Sagrada, e que fora dele não há manifestações, mas tão somente possessões espirituais.
É este espírito invisível que sustenta todas as manifestações, quando em nome da Umbanda Sagrada são realizados.
Houve um tempo em que os orixás foram sincretizados com santos católicos, pois aí a concretização do ritual aconteceria. As imagens “mascaravam” a verdade oculta e as perseguições religiosas, políticas e policiais foram abrandadas.
Mas, atualmente, isto já não é preciso como meio de expansão da Umbanda Sagrada. Hoje já existe liberdade suficiente para que todos digam abertamente: “Sou um filho de Fé, sou um filho de Umbanda!”.
Mas para que isso possa ser realmente dito, é chegado o tempo de a Umbanda deixar de perder seus filhos recém-nascidos para religiões que ainda recorrem a princípios medievais, quando não obscurantistas.
Há de ser criada uma forte linha de fé doutrinadora dos sentimentos religiosos dos filhos de Fé, pois só assim a Umbanda Sagrada sairá do interior das tendas e dos lares e abarcará, num movimento abrangente e envolvedor, os milhões de irmãos que afluem às tendas ou aos médiuns à procura de uma palavra de consolo, conforto ou esclarecimento.
É chegado o momento de todos os médiuns, diretores espirituais, dirigentes espirituais e pais e mães no Santo, imprimirem aos seus trabalhos mais uma vertente da Umbanda Sagrada: a doutrinação dos irmãos e irmãs que afluem às tendas nos dias de trabalho.
É preciso uma conscientização dos pais e mães no Santo de que os necessitados, os aflitos, os carentes afluirão não só às tendas de Umbanda, mas também a todas as outras portas abertas onde há uma promessa, um vislumbre de socorro imediato. Mas só aquelas portas que, a par do socorro imediato, oferecerem uma luz para toda a vida, alcançarão seu real objetivo, pois a par do imediato também oferecem o bem duradouro, que é a fé forte numa religião. E a Umbanda Sagrada é uma religião!
Por isso ela tem de sair das tendas e conquistar corações dos que a ela afluem nos dias de trabalho, e conquistar o respeito e a confiança de todos os cidadãos no seu trabalho de doutrinação e salvação de almas.
Nós temos acompanhado com carinho e atenção os irmãos umbandistas que têm oferecido a maior parte de suas vidas a esta necessidade da religião umbandista – abençoados sãos estes verdadeiros filhos de Umbanda, mas temos acompanhado a vida de todos os pais e mães no Santo e temos visto que bloqueiam a si próprios e às suas potencialidades doutrinadoras dentro da Umbanda Sagrada, quando limitam a si e sua religião aos trabalhos dentro de suas tendas, quando os seus guias incorporam e ... trabalham.
Limitam-se só a isto e limitam à própria religião umbandista, pois não concedem a si próprios as qualidades que seus orixás lhes mostram que são possuidores. Muitos filhos de Fé, movidos de nobres e dignificantes intenções, buscam nas línguas a explicação do termo “Umbanda”. Alguns chegam a mergulhar no passado ancestral em busca do real significado desta palavra.
Nada a opor de nossa parte, mas melhor fariam e mais louvável aos olhos dos orixás seriam seus esforços, caso já tivessem atinado com o real e verdadeiro sentido do termo “Umbanda”.
Umbanda significa: o sacerdócio em si mesmo, na m’banda, no médium que sabe lidar tanto com os espíritos quanto com a natureza humana. Umbanda é o portador das qualidades, atributos e atribuições que lhe são conferidas pelos Senhores da natureza; os orixás! Umbanda é o veiculo de comunicação entre os espíritos e os encarnados, e só um Umbanda está apto a incorporar tanto os do Alto, quanto os do Embaixo, assim como os do Meio, pois ele é, em si mesmo, um templo.
* Umbanda é sinônimo de poder ativo
* Umbanda é sinônimo de curador
* Umbanda é sinônimo de conselheiro
* Umbanda é sinônimo de intermediador
* Umbanda é sinônimo de filho de Fé
* Umbanda é sinônimo de sacerdote
* Umbanda é a religiosidade do religioso
Umbanda é o veículo, pois trazem em si os dons naturais, pelos quais os encantados da natureza falam aos espíritos humanos encarnados.
Umbanda é o sacerdote atuante, que traz em si todos os recursos dos templos de tijolo, pedras ou concreto armado.
Umbanda é o mais belo dos templos, onde Deus mais aprecia ser manifestado, ou mesmo onde mais aprecia estar: no íntimo do ser humano.
Umbandas foram os primeiros espíritos dos sacerdotes, que aos poucos foram criando para si, no íntimo dos médiuns filhos de Santo já preparados para recebê-los, uma linha tão poderosa, mas tão poderosa que realizavam curas milagrosas nos freqüentadores dos terreiros de “macumba”.
Umbandas eram os caboclos índios que dominavam os quiumbas e libertavam os espíritos encarnados de obsessores vingativos e perseguidores.
Umbandas eram os pretos-velhos que baixavam nas “mesas brancas” e faziam revelações que não só deixavam admirados quem os ouviam, mas encantavam também.
Umbandas eram os exus e pombas-giras brincalhões, debochados e francos, tanto quanto os encarnados, pois falavam a estes de igual para igual, e com isso iam rompendo o temor dos filhos de Santo para com seus “santos”.
Umbanda era o início do rompimento da casca grossa da rituália de culto aos eguns (os sacerdotes) já no outro lado da vida.
Umbanda o sacerdócio; embanda, o chefe do culto; Umbanda, o ritual aberto do culto dos ancestrais.
Umbanda, onde na banda do “Um”, mais um todos nós somos, pois tudo o que nos cerca, através de nós pode se manifestar.
Umbanda, na banda do “Um” , um todos são e sempre serão, desde que limpem seus templos íntimos dos tabus a respeitos dos orixás e os absorvam através da luz divina que irradiam seus mistérios. Daí em diante, serão todos “mais um”, plenos portadores dos mistérios dos orixás.
Na Umbanda, o médium não é esvaziado, mas tão somente enriquecido com a riqueza espiritual de todos os orixás.
Umbanda provém de “m’banda”, o sacerdote, o curador.
Umbanda é sacerdócio na mais completa acepção da palavra, pois coloca o médium na posição de “doador” das qualidades de seus orixás, que impossibilitados de falarem diretamente ao povo, falam a partir de seus templos humanos: os filhos de Fé!
Despertem para esta verdade, pais e mês de Santo! Olhem para todos os que chegam até vocês, não como seres perturbados, mas sim como irmãos em Oxalá que desejam dar “passagem” às forças da natureza que lhes chegam, mas encontram seus templos (mediunidade) ocupados por escolhos inculcados neles, através de séculos e séculos que estiveram afastados de seus ancestrais orixás. Não inculquem mais escolhos dizendo a eles que tem orixá brigando pela cabeça deles, ou que exu está cobrando alguma coisa.
Tratem os filhos que Olorum, o Incriado, lhes envia com o mesmo amor, carinho e cuidados que devotam a seus filhos encarnados.
Cuidem deles; transmitam a eles amor aos orixás, pois orixá é o amor do Criador às Suas criaturas.
Ensinem-lhes que, na lei de Oxalá, ninguém é superior a ninguém, pois na banda do “Um”, mais um todos são.
Mostrem-lhes que orixá é um santo, mas é mais do que isso: orixá é a natureza divina se manifestando de forma humana, para os espíritos humanos.
Não percam tempo tentando contar lendas do tempo de cativeiro, quando irmãos de cultos diferentes, raças diferentes e formações as mais diversas possíveis, eram reunidos numa só senzala e evitavam a mistura dos orixás com medo de perderem seus últimos vestígios humanos: seus “santos” de cabeça e de fé. O tempo da escravidão já é passado e Umbanda é liberdade de manifestação dos orixás através dos seus veículos naturais; os médiuns.
Ensinem-lhes que, se estão aptos a incorporarem o “seu” pai de cabeça, também estão aptos a serem as moradas de todos os outros “pais”, pois orixá é antes de qualquer coisa e acima de tudo, isto: senhor da cabeça. É senhor da coroa luminosa que paira em torno do mental purificado do filho de Fé já liberto dos escolhos que o mantinham acorrentado e escravizado a tabus e dogmas religiosos, que antes de tudo visavam impedi-lo de ser mais um na banda do “Um”, e mantê-lo na eterna dependência da vontade dos carnais senhores dos cultos ao Criador, onde um é o pastor e os restantes, só rebanho, ovelhas mesmo!
Digam que na banda do “Um”, o rebanho é composto só de pastores, pois “Umbanda” é sacerdócio.
Esclareçam ao filho recém-chegado que se sente incomodado, que isto não é nada ruim, pois há todo um santuário aprisionado em seu íntimo que está tentando explodir através de sua mediunidade magnífica.
Conversem demoradamente com ele e procurem mostrar-lhe que Umbanda não é a panacéia para todos os males do corpo e da matéria, mas sim o aflorar da espiritualização sufocada por milênios e milênios de ignorância e descaso para com as coisas do espírito.
Expliquem que pode fazer o que quiser com seu corpo material, mas deve preservar sua coroa (cabeça), pois é nela que a luz dos orixás lhe chega e o liberta dos vícios da carne e do materialismo brutal.
Ensinem-lhe que, como templos, deve manter limpo seu íntimo, pois nesse íntimo há uma centelha divina animada pelo fogo divino que a tudo purifica, e que o purificará sempre que entregar sua coroa ao seu orixá. Instrua-os com seu mentor guia chefe, irmãos e irmãs (pais e mães de Santo).
Estabeleçam um dia da semana ou do mês dedicado exclusivamente a um guia doutrinador que lhe falará da Umbanda a partir da visão mais acurada desta religião, em que os fiéis são mais que fiéis: são “meios” onde toda uma gama magnífica de seres de altíssima evolução se manifestam como humildes pretos-velhos, garbosos mas amáveis caboclos, inocentes crianças ou humanos exus e pombas-giras. Sim porque nós conhecemos irmãos exus que possuem muito mais luz do que vocês imaginam. E se preferem atuar como exus, é porque assim, bem humanos, chegam mais rápido até onde desejam: aos consulentes sofredores e veículos de espíritos sofredores afins.
Ensinem aos médiuns que eles trazem consigo mesmo todo um templo já santificado e que nele se assentam os orixás sagrados. E que através desse templo muitas vozes podem falar, e serem ouvidas pois Umbanda provêm de Embanda: sacerdote!
E o médium é um sacerdote, um embanda, um Umbanda, ou mais um na banda do um, a Umbanda!

11 março 2006

Deveres e obrigações dos médiuns

Texto publicado em http://www.cecaboclocobracoral.com.br/

Ser humilde e simples
Ser honesto com os outros e com si mesmo
Ser moralista
Ter sempre bom humor
Tratar seu semelhante com maior simplicidade
Respeitar a Umbanda como religião
Não cobrar o que lhe é dado de graça
Comportar-se muito bem em festas e apresentações
Ver no seu irmão médium um irmão verdadeiro
Praticar o bem sem olhar a quem, respeitando todas as religiões, porque todas elas são raios diversos de uma mesma luz. A Umbanda é a síntese de todas elas

08 março 2006

Os três pilares do médium

(texto de Eduardo Gomes, http://www.geocities.com/Heartland/Valley/5185/)

Nem sempre o médium sabe quais caminhos a seguir, conduzindo-se nas veredas do trabalho de comunicação entre os planos material e espiritual, de maneira superficial, deixando-se levar pela superficialidade que a vida material acostumou-o. Desta forma vale ressaltar que o médium não o é somente apenas enquanto cumpre com suas funções de intermediário entre os planos físico e espiritual, ele é médium (mediador) pelas 24 horas de todos os dias de sua existência carnal, pois ser médium é viver um estado de espírito e este acompanha o médium em todos os momentos, em todas as suas experiências. O médium é constantemente acompanhado pelo mundo espiritual e atitudes inadequadas por parte do médium podem prejudicá-lo direta ou indiretamente, seja por obsessões, perda temporária ou definitiva de suas faculdades mediúnicas, etc.

Cabe ao médium a obrigação de melhoria interna, não para simplesmente ser um bom aparelho receptor e transmissor de comunicações espirituais, mas para que ele “quite-se” perante sua própria consciência e assim livrar-se das “amarras” cármicas. Porém o caminho da reforma íntima é longo e trabalhoso. O médium deve ter em mente isso. Não há fórmulas e regras para a obtenção deste êxito, mas, junto à força de vontade própria, o médium tem um pequeno roteiro, simples, mas por vezes, difícil de se acompanhar :

Os Três Pilares do Médium:

* Evangelização - Significa mudarmos internamente, seguindo como exemplo os ensinamentos de Jesus Cristo. Devemos a cada ação, colocar em prática, ou seja viver realmente, o "amar ao próximo como a si mesmo", praticando a caridade em múltiplas formas, sem todavia esperar algo em troca e praticá-la com o coração. Devemos nos policiar, conhecendo-nos profundamente, detectando nossas más tendências e lutando todo o instante contra elas. O egoísmo, a vaidade, a maledicência, a volúpia, o orgulho, a raiva, o ódio e outros baixos sentimentos devem ser "tratados" através da reforma íntima. Como fazer tudo isso? Bem, é muito difícil, mas os outros dois pilares darão sustentação para esse;

* Mediunismo - Somente com a prática tornamo-nos aptos e especialistas nos exercícios mediúnicos, pois eles são ligados diretamente com nossos corpos físico e astral. Com a prática constante, rotineira, persistente e RACIONAL, vamos conhecendo os meandros da espiritualidade. Tornamo-nos ótimos medianeiros sob o aspecto das comunicações, assim, vamos, a partir daí, recebendo lições, seja por desdobramentos naturais (sono) ou induzidos, seja por vidência/clariaudividência, seja por intuições cada vez mais fortes. Vamos com isso ligando-nos fortemente ao mundo espiritual e os espíritos aproximarão-se mais intensamente, levando-nos a mais aperfeiçoamentos. Recebemos lições, puxões de orelhas, conselhos, aulas, etc, que nos auxiliará em nosso melhoramento moral;

* Conhecimento - O estudo é uma exigência para quem sabe que é imperfeito em todos os aspectos. Devemos conhecer para fazer melhor e corretamente. Só nos tornaremos bons medianeiros e nos evangelizaremos se estudarmos. Estudar não é somente ler alguns livros, é ler de tudo, reter somente aquilo que é proveitável. Estudar é também observar. Observar nosso íntimo estaremos obtendo respostas para nossas próprias falhas. Estudar aquilo que nos rodeia, vamos percebendo coisas sutis que antes nos passavam desapercebidos. Estudar as pessoas, pois somente assim vamos descobrindo que cada um é um universo em si e com isso vamos entendendo as pessoas como elas são (empatia), compreendemo-nas e passamos a "amá-las como a nós mesmos". Estudar os fenômenos mediúnicos práticos é estar em campo e aprender sutilidades. Estudar a natureza e compreender seus fenômenos físicos, energéticos e astrais.

04 março 2006

Seja feliz e faça pessoas felizes

Se Deus tivesse um piano, seu retrato estaria sobre ele;
Se Deus tivesse uma carteira levaria sua foto nela;
não acredita?
Olhe algumas dicas:
Ele te manda flores em toda primavera;
Ele te manda o nascer do sol a cada manhã;
A qualquer momento que você quiser conversar Ele escuta;
Ele pode morar em qualquer lugar do universo,
mas Ele escolheu seu coração.
Encare isso, meu amigo(a): Ele é louco por você!
Deus não prometeu dias sem dor, risos sem sofrimento, sol sem chuva, mas prometeu força para o dia, conforto para as lágrimas e luz para o caminho.
Seja feliz e faça pessoas felizes sempre, porque nossa passagem aqui é extremamente curta!

02 março 2006

As águas de Mamãe Oxum

(foto de Vladimir Berlofa)
"A minha Mãe Oxum
ora-iê-iê-ô
Rainha da cachoeira
A deusa da beleza é minha Mãe Oxum
Orixá da natureza
Aí vem Mãe Oxum passeando
Passeando no clarão da lua
ora-iê-iê-ô
"

01 março 2006

"Todo ser humano é luz e sombra. Ficar esperando de alguém só luz, você vai se decepcionar; ficar só esperando trevas, você vai se surpreender..."

A quaresma

A quaresma, período compreendido entre o Carnaval e a Semana Santa, tradicionalmente é uma celebração católica.
Durante muitos anos foi considerado como um período de pesar, de tristeza, de melancolia. Nas igrejas, as imagens dos Santos eram cobertas; os fiéis eram obrigados a jejuar etc.
Antecedendo a quaresma, temos o Carnaval, período que, originariamente, destinava-se a festas, brincadeiras, fantasias etc. Por influência do ser humano, o sentido do Carnaval desvirtuou-se e, hoje, presenciamos exageros de todas as espécies nesse período.
Os "efeitos" do Carnaval somam-se aos mitos e crendices sobre a quaresma, formando um ambiente espiritual negativo.
Como a vibração das pessoas está baixa, muitos Terreiros trabalham mais com Exus. Isso, porém, não significa que as outras Entidades (Caboclos, Pretos Velhos, Baianos e outros) não estejam atuando ou que estejam longe de nós. Significa, apenas, que nesse período é mais fácil para o Exu trabalhar nesse ambiente de vibração mais baixa, pois Eles têm mais facilidade de trabalhar esse tipo de energia.
Outros Terreiros optam por fechar suas portas durante a quaresma toda, somente reabrindo-as no Sábado de Aleluia ou depois da Páscoa.
Por estarmos mais expostos às influências de Espíritos inferiores, é um período que exige de todos nós maiores cuidados e maior vigilância!